E quem diria que seria fácil?
Fingir, machucar, pensar e não poder voltar?
Quem aqui, entre vós, sabe o que é sentir e ter que seguir?
Quem aqui nunca angustiou, amargou, remoeu e expurgou pra dentro?
A ansiedade que consome o ser e faz ele todo se remexer, se contorcer como numa dor arranhada...
Num só grunhido apelo por aquilo que desconheço; por aquilo que vejo chegando, por aquilo que tenho medo, por aquilo que não sei querer mas não sei deixar.
Quero dançar nas pontas dos pés, me ter na palma da mão; fechá-la pra eu não fugir de mim.
Não deixar escorrer a idéia pelos dedos, pelos olhos, pela língua, pelas narinas!
Quem aqui, senhores... e senhoras... Quem aqui não quer só por querer? Quem aqui nunca experimentou o doce gosto ácido do egoísmo?
Quem não desejou mal? Quem nunca desejou bem? Quem num sopro não resumiu uma prece?
Quem não é bom? Quem não é mal?
O grande mistério, senhores... e senhoras, tambem... é não ser, não haver questão, não haver vazio. É não haver.