quarta-feira, 17 de setembro de 2008
E lá estava ele dormindo embaixo do banco do ônibus. Naquele momento eu sentia... Não sei ao certo o que senti. Não era tão ruim quanto pena. Também não era tão bom quanto pena. E surgia dentro de mim uma revolta,uma raiva que me consumia. Ele sentia tanto frio e queria aquecê-lo com todo meu ódio pelo mundo que tinha feito aquilo com ele. Ele sentia fome e eu só queria alimentá-lo com uma parte de mim. E eu lá olhando. Era a visão mais bela e triste que eu já tinha visto. Ele era perfeito. E eu vi como eu era um nada diante daquilo. Como eu era incapaz,como eu era pequena. E como ele me esmagava com toda sua miséria. E eu fechei os olhos pra fugir daquele quadro mas quando os abri,ele ainda estava lá. Mais vivo,mais miserável e maior do que antes. No ônibus, as pessoas eram indiferentes diante dele,algumas até notavam sua presença mas o sentimento quando o percebiam ali era de repulsa. E eu sentia repulsa. Deles e de mim. Eu era repulsiva e todos ali eram também mergulhados em suas pequenas preocupações fúteis. E ele lá carregando o peso do mundo nas costas. Sim, a sua cruz era mais pesada que a minha. Era mais doída que a minha. Pra que fui olhar pra fora de mim? Por que deixei de olhar pro meu umbigo? Levantei pra dar sinal e descer do ônibus. E o olhei de novo,era nossa despedida. Ele tinha me ensinado tanto. E ali eu me refleti nele e ele se refletiu em mim. Eu o reconheci. Mas não me reconhecia mais.
 
posted by santadopaoco at 09:02 | Link para este Post | 1 Comentários
domingo, 7 de setembro de 2008
E é olhando pra trás,diante de tantos erros,arrependimentos,tropeços...
Que me ergo.
É quando me sinto mais fraca... que encontro minhas forças.
O que eu sou? Não sei. Ninguem sabe. Ninguem ousou descobrir.
O que eu espero? Que não esperem nada. Nem de mim,nem da minha estória.
Que não espere nada do meu caminho,que não espera que eu me torne.
Que apenas queira.
Que apenas deseje.
Que apenas viva o querer,viva o desejar.
O que eu descubro?
Que sou cada vez mais diferente do que idealizava.
Que sou cheia de defeitos.
Que talvez quisesse ser diferente pra agradar quem não valia muito a pena.
Que não quisesse ser eu mesma com medo de não ser aceita.
E nem sempre a gente acha que aprende com a vida. Mas aprende,aprende sim.
Aceitar o que se aprende é que é difícil.
Até porque aquilo que não se aprende,aquilo que não existe é muito mais fácil de aceitar.
O que não existe não dói.
O que não existe não sugere dor.
Mas e quando se começa a viver aquilo que não existe?
Aquilo passa a existir?
Então tudo o que não doía... passa a doer?
E você aprende com o que existe e com o que não existe mas passou a existir?
E com a vida cheia de dor,de angústia,penso ainda... Ah! Como é bom sentir...
E quando dói demais te anestesia e quando você se pega pensando... Já não pensa mais.
Sim. A minha beleza? Viver. E saber que nada na vida é perfeito.
É saber que nas imperfeições que encontro o que procuro.
Que me quero cada vez mais.
Mas que não me supro cada vez mais.
E nesse quebra-cabeça eu me encaixo... eu te encaixo?
E tem espaço?
Nessa estória,nesse caminho,nessa vida?
Eu me quis tanto que esqueci de te querer?
Mas querer quem? Ninguem existe...
Era fantasia ou realidade?
 
posted by santadopaoco at 20:11 | Link para este Post | 2 Comentários