quinta-feira, 29 de maio de 2008
Voar alto...
Daqui de cima tudo parece tão pequenininho. A cidade, as pessoas, meus sonhos. E é agora que percebo que sou muito maior do que tudo, maior do que a minha mente complicada pode entender. Vejo que posso abraçar o mundo apenas com meus braços e descubro que ele é lugar tão pequenino pra eu conhecer. Almejo, não apenas tocar o céu com a ponta dos dedos. Quero mais! Muito mais! Quero está lá, quero ser parte do todo e por vezes desejo ser até mesmo o todo! Não sonho mais com coisas possíveis. As coisas possíveis, eu posso realizar. As coisas impossíveis, eu posso tentar. Quero mais! Se eu pudesse, nunca mais desceria. Ficaria aqui em cima pra sempre. Mas e a saudade? A saudade de tudo aquilo que já tenho e me faz falta? Os sonhos possíveis que já conquistei? Quero asas mas não quero deixar de ter raíz. Será possível ter os dois? Se é impossível, então quero tentar! Melhor acordar. Já estamos aterrisando em Recife...
 
posted by santadopaoco at 20:15 | Link para este Post | 3 Comentários
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Olhinhos de nunca mais.
O ônibus parou no sinal. Minhas pernas balançavam. Eu, ali dentro, parada e atrasada pra aula. Foi quando ela surgiu, atravessando a rua. Carregava um sacão preto de lixo; seguia sua mãe, que empurrava um carrinho repleto de entulhos.
E quando me deparei com aqueles olhos negros, já havia submergido em seu mundo. Na negrura da fome; na negrura da sede; na negrura da necessidade; na negrura do medo. Ela tinha fome de bondade; tinha sede de respeito; necessidade de cuidado e; medo do escuro. Não do escuro que é visível. Mas aquele escuro na alma das pessoas, que se alimenta de solidão. Que nos cega diante do seu grito de socorro. Um grito abafado que corta, machuca. Um pedido que humilha, que fere. Aquele que fingimos não ver e escutar. Aquele que nos bitola, que nos deixa alheio ao que acontece a nossa frente. Aquele pedido... O sinal abriu. E nunca vou me esquecer dela. De seus olhinhos de nunca mais.

Priscila Lima
 
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terça-feira, 20 de maio de 2008
Te amo.
E começando assim parece que nada mais há pra se dizer. Sentir começa a se manifestar e o desapego nunca fez parte do meu vocabulário. Deixar o tempo curar é inútil porque o presente fere. E é nesse presente que eu perco, é nessa certeza de não poder te querer que eu te quero mais. É na dúvida da resposta, é no olhar que não se vê e no abraço que não senti.
Te amo.
Parece que aqui resume tudo o que eu diria mas é quanto mais tento dizer,que preciso demonstrar, te querer, me rasgar por não ter, por não pensar,por esvaziar.
Te amo.
Aqui não termina o que deve ser dito. Aqui só começa tudo o que quero te dizer, tudo o que quero te fazer. Tudo o que poderia ser e não é; que pode ser mas não vai. Só queria dizer,gritar e jamais sufocar e nem sei quantas vezes, só sei que me entontece e que me desnorteia. Só sei que não posso,só sei que não quero, só sei que te quero e é no meio dessa contradições que descubro...
Te amo.
 
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domingo, 18 de maio de 2008

"Só desejava campina, colher as flores do mato
Só desejava um espelho de vidro prá se mirar
Só desejava do sol calor para bem viver
Só desejava o luar de prata prá repousar
Só desejava o amor dos homens prá bem amar
Só desejava o amor dos homens prá bem amar"
Alegre menina, de Djavan
 
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sábado, 3 de maio de 2008
Lá vai ela, passando e deixando seu perfume no ar. Chama a atenção de todos mas nem liga. Não por maldade mas por inocência. Seu coração ainda não está preparado pras malícias da vida. Seu rebolado é inerente e não elaborado. Seu sorriso não é insinuante,é ingênuo. Seu toque não é excitante,é afável. Sua voz autoritária carrega uma sonoridade infantil... Ela quer abraçar o mundo com seus dedos longos numa mão pequenina. O mundo... Esse lugar tão pequeno pra sua cabecinha... Acha que pode mudar tudo;acha que o amor existe e que tudo vence. E ela passa pra lá e pra cá. E nesse passeio carrega meu coração. O que será que ela quer, o que será que ela pensa? Será que ela vai reparar em mim? Ela é tão contida em seu próprio mundinho... Ela é graciosa no seu linguajar,ela toca e ama só com o olhar... Quem me dera beijar sua boca e seu corpo abraçar. Queria pô-la em meu braços e ninar,sua cabeça afagar,seus cabelos cheirar...
Ela é um mundo de descobertas,de inovações,de mudanças... Ela é menina,ela é mulher... Ela é.
 
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